terça-feira, 28 de outubro de 2008

"Todo homem terá talvez sentido essa espécie de pesar, se não terror, ao ver como o mundo e sua história se mostram enredados num inelutável movimento que se amplia sempre mais e que parece modificar, para fins cada vez mais grosseiros, apenas suas manifestações visíveis. Esse mundo visível é o que é, e nossa ação sobre ele não poderá nunca transformá-lo em outro. Sonhamos então. nostálgicos, com um universo em que o homem, em vez de agir com tanta fúria sobre a aparência visível, se dedicasse a desfazer-se dessa aparência, não somente recusando qualquer ação sobre ela, mas desudando-se o bastante para descobrir esse lugar secreto, dentro de nós mesmos, a partir do qual seria possível uma aventura humana de todo diferente.Mais precisamente moral, sem dúvida. Mas, afinal, é talvez a essa condição inumana, a esse agenciamento inelutável, que devemos a nostalgia de uma civilização que procuraria se aventurar fora do que é mensurável."

Jean Genet (O Ateliê de Giacometti)


Um comentário:

Thiago disse...

Cecis, pra mim a nostalgia é um lugar mais tranquilo (cômodo e não quisto), que não exige muito se não suas habilidades já conhecidas de questionar sempre o que é questionado. Às vezes quando nos sentimos meios "caducos"de tanto repetir e vomitar nossos discursos já conhecidos e cansados deles mesmos é que acende uma esperança ( palavra muito nostálgica) de sair da mesmice e não questionar, mas viver o questionamento, sem discursos ou teorias, apenas entregar-se ao que acontece, assim transforma-se organicamente aquilo que não se sentia ou se via antes.