segunda-feira, 13 de outubro de 2008

A coisa-método

Por onde se começa a levantar um espetáculo?
Improvisos?
Texto?
Encenação?
Interpretação?

Pelo ator ou pelo espaço?
Pelo corpo ou pela voz?

Pelo texto decorado? Por uma idéia vaga? Uma vontade de experimentar alguma possibilidade?

Pela música?
Pelas coreografias?
Através de imagens no papel?

Durante todos esses meses essas questões têm vindo forte pra mim. Estamos tateando. Testamos todos esses meios já. Às vezes nos aprofundamos mais ou menos em algum, nos esquecemos de outros. Dá ansiedade. Dá um pouco de medo de não saber se o caminho que temos escolhido é de fato o melhor para realizar este texto específico.

Então, cada texto pede um método? Ou cada grupo pede um método? Ou não há método algum? Ou se descobre o tal do método durante a caminhada? Errando, acertando, perdendo tempo, avançando, recuando. Para nós tem sido assim. Diante de um texto tão fragmentado, lacunar, sem unidade de tempo, ação, espaço, tão não-Aristotélico, diante de Roberto Alvim, os nossos métodos parecem estar sendo criados dia-a-dia, cena a cena. Não existiu um pré-método. Não existiu um "vamos por aqui que aqui é garantido". Nada é garantido diante deste texto.

Às vezes me aflige não fazermos um trabalho mais forte com a PALAVRA. Às vezes minha intuição me diz que a palavra é o que há de mais seguro neste texto. É onde deveríamos nos apoiar. Às vezes acho que tendo isso, todo o resto viria depois, os atores estariam lá, firmes nas palavras belas de Alvim. Nas palavras duras de Alvim. Nas palavras que atravessam o espectador. Este seria o MEU método, talvez. Mas não estamos aqui seguindo o método de ninguém, e sim o que o próprio grupo vai gerando, descobrindo, se defrontando, nas dificuldades, nos atalhos, nos sensos comuns, mas caminhando. Todo os dias.

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