"Todo homem terá talvez sentido essa espécie de pesar, se não terror, ao ver como o mundo e sua história se mostram enredados num inelutável movimento que se amplia sempre mais e que parece modificar, para fins cada vez mais grosseiros, apenas suas manifestações visíveis. Esse mundo visível é o que é, e nossa ação sobre ele não poderá nunca transformá-lo em outro. Sonhamos então. nostálgicos, com um universo em que o homem, em vez de agir com tanta fúria sobre a aparência visível, se dedicasse a desfazer-se dessa aparência, não somente recusando qualquer ação sobre ela, mas desudando-se o bastante para descobrir esse lugar secreto, dentro de nós mesmos, a partir do qual seria possível uma aventura humana de todo diferente.Mais precisamente moral, sem dúvida. Mas, afinal, é talvez a essa condição inumana, a esse agenciamento inelutável, que devemos a nostalgia de uma civilização que procuraria se aventurar fora do que é mensurável."
Jean Genet (O Ateliê de Giacometti)terça-feira, 28 de outubro de 2008
sábado, 18 de outubro de 2008
Nave Mãe
Deixar registrado o quão interessante foi a assembléia de sexta-feira conduzida por nós da Formação X. A dica da roda dada por Ana Sharp foi fundamental. Mais íntimos. Mais próximos. Mais participativos. Mais tomando nas próprias mãos as questões relativas à nossa Nave Mãe ELT. Interessante ver ecoar uma discussão que para nós tem sido muito nova e muito rica: a formação de público. Ultrapassar todas as barreiras impostas à alunos de uma escola tradicional. Ir além do aprendizado do ofício do ator, ir além, levar para os outros isso que nos foi dado de maneira tão linda. Espalhar essa nossa formação de ator, de ser humano, semeá-la por onde ainda não há pólem suficiente, formar público. Mostrar, gritar aos quatro cantos o quanto pode ser maravilhoso e transformador o contato com a arte.
Deixar registrado o quanto sou grata e apaixonada por essa Nave Mãe, ilha de Sta. Terezinha, lugar de gente que acredita muito.
Deixar registrado o quanto sou grata e apaixonada por essa Nave Mãe, ilha de Sta. Terezinha, lugar de gente que acredita muito.
segunda-feira, 13 de outubro de 2008
A coisa-método
Por onde se começa a levantar um espetáculo?
Improvisos?
Texto?
Encenação?
Interpretação?
Pelo ator ou pelo espaço?
Pelo corpo ou pela voz?
Pelo texto decorado? Por uma idéia vaga? Uma vontade de experimentar alguma possibilidade?
Pela música?
Pelas coreografias?
Através de imagens no papel?
Durante todos esses meses essas questões têm vindo forte pra mim. Estamos tateando. Testamos todos esses meios já. Às vezes nos aprofundamos mais ou menos em algum, nos esquecemos de outros. Dá ansiedade. Dá um pouco de medo de não saber se o caminho que temos escolhido é de fato o melhor para realizar este texto específico.
Então, cada texto pede um método? Ou cada grupo pede um método? Ou não há método algum? Ou se descobre o tal do método durante a caminhada? Errando, acertando, perdendo tempo, avançando, recuando. Para nós tem sido assim. Diante de um texto tão fragmentado, lacunar, sem unidade de tempo, ação, espaço, tão não-Aristotélico, diante de Roberto Alvim, os nossos métodos parecem estar sendo criados dia-a-dia, cena a cena. Não existiu um pré-método. Não existiu um "vamos por aqui que aqui é garantido". Nada é garantido diante deste texto.
Às vezes me aflige não fazermos um trabalho mais forte com a PALAVRA. Às vezes minha intuição me diz que a palavra é o que há de mais seguro neste texto. É onde deveríamos nos apoiar. Às vezes acho que tendo isso, todo o resto viria depois, os atores estariam lá, firmes nas palavras belas de Alvim. Nas palavras duras de Alvim. Nas palavras que atravessam o espectador. Este seria o MEU método, talvez. Mas não estamos aqui seguindo o método de ninguém, e sim o que o próprio grupo vai gerando, descobrindo, se defrontando, nas dificuldades, nos atalhos, nos sensos comuns, mas caminhando. Todo os dias.
Improvisos?
Texto?
Encenação?
Interpretação?
Pelo ator ou pelo espaço?
Pelo corpo ou pela voz?
Pelo texto decorado? Por uma idéia vaga? Uma vontade de experimentar alguma possibilidade?
Pela música?
Pelas coreografias?
Através de imagens no papel?
Durante todos esses meses essas questões têm vindo forte pra mim. Estamos tateando. Testamos todos esses meios já. Às vezes nos aprofundamos mais ou menos em algum, nos esquecemos de outros. Dá ansiedade. Dá um pouco de medo de não saber se o caminho que temos escolhido é de fato o melhor para realizar este texto específico.
Então, cada texto pede um método? Ou cada grupo pede um método? Ou não há método algum? Ou se descobre o tal do método durante a caminhada? Errando, acertando, perdendo tempo, avançando, recuando. Para nós tem sido assim. Diante de um texto tão fragmentado, lacunar, sem unidade de tempo, ação, espaço, tão não-Aristotélico, diante de Roberto Alvim, os nossos métodos parecem estar sendo criados dia-a-dia, cena a cena. Não existiu um pré-método. Não existiu um "vamos por aqui que aqui é garantido". Nada é garantido diante deste texto.
Às vezes me aflige não fazermos um trabalho mais forte com a PALAVRA. Às vezes minha intuição me diz que a palavra é o que há de mais seguro neste texto. É onde deveríamos nos apoiar. Às vezes acho que tendo isso, todo o resto viria depois, os atores estariam lá, firmes nas palavras belas de Alvim. Nas palavras duras de Alvim. Nas palavras que atravessam o espectador. Este seria o MEU método, talvez. Mas não estamos aqui seguindo o método de ninguém, e sim o que o próprio grupo vai gerando, descobrindo, se defrontando, nas dificuldades, nos atalhos, nos sensos comuns, mas caminhando. Todo os dias.
sábado, 4 de outubro de 2008
Postei agora algumas das músicas que estamos trabalhando no espetáculo. Lendo as letras, o leitor pode entrar em contato com o Universo, as imagens e a sensibilidade que estão nos permeando até aqui. Degustem, comentem, se familiraizem para que no dia cantemos todos juntos!!!*
*Musicas retiradas teporariamente para registrar os direitos autorais.
Depoimento de uma Mãe
por Cris Gouveia
Esse menino quieto calado
é meu de origem
Do ventre nasce um corpo cansado
Meu pequeno marcado de dor
Sem voz no peito
Sem jeito de perguntar
Qual será o momento de descansar?
Rebento, rebento meu
Calado em juramento
Um tormento, um canto, um ai
Cansando os olhos eu cansada louca
Calando a boca
De um rebento que nunca mais
No meu colo vai me ninar
Esse menino quieto calado
é meu de origem
Do ventre nasce um corpo cansado
Meu pequeno marcado de dor
Sem voz no peito
Sem jeito de perguntar
Qual será o momento de descansar?
Rebento, rebento meu
Calado em juramento
Um tormento, um canto, um ai
Cansando os olhos eu cansada louca
Calando a boca
De um rebento que nunca mais
No meu colo vai me ninar
sexta-feira, 3 de outubro de 2008
REBELDIA PRA VIVER!!!
Rebeldia pra viver, sempre!...
No entanto, pensando dialeticamente, a rebeldia é muito mais interessante quando propositiva, sugestiva, reflexiva, rebeldia pra construir novos paradigmas... Rebeldia pra descontruir certezas, "caozificar", perder noções e memórias cotidianas....
Rebeldia vadia quando não se quer nada, apenas ficar e estar, também é producente...
Mas, e a rebeldia do EU QUERO?
Até quando isso é rebeldia ou capricho?
Querer é importante, desejar é legítimo, mas até que ponto essa afirmação já não sugere o ciclo alienante da neurose do lugar comum, do SENSO COMUM?
É confortável ser "comum", querer o que todos querem também?
Querer rebeldias pra inverter, subverter, DESENCOBRIR, DESNUDAR, DESVELAR...(acho que já tô caindo no comum,rsrsrrsr)
MC²
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